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quinta-feira, 13 de junho de 2013

PROJETO LEITURA "O AEROPORTO"


ATIVIDADE DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
TEXTO: AEROPORTO DE CARLOS DRUMMOND
TEMPO: 8 AULAS
SÉRIES 6º OU 7º ANOS ENSINO FUNDAMENTAL
SD – AEROPORTO

"Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. E o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cómodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade - e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

 Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio."


Atividades a serem desenvolvidas:
  • Ativação de conhecimento de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses;
  • Roda de leitura;
  • Questionamentos: o que é um aeroporto? por que as pessoas vão a um aeroporto; o que podemos encontrar em um aeroporto?
  • Localização de informações; comparação de informações, generalizações;
  • Leitura individual;
  • Leitura pelo professor;
  • Confirmação ou desconfirmação das hipóteses levantadas na roda de leitura;
  • Ênfase na entonação de voz e respeito à pontuação;
  • Produção de inferências locais; produção de inferências globais;
  • Releitura pelos alunos;
  • Dúvidas de vocabulário;
  • Resolução pelo contexto;
  • Consulta ao dicionário;
  • Recuperação do contexto de produção; definição de finalidades e metas da atividade da leitura;
  • Análise de contexto de produção;

Questionamentos gerais:
  • Quem é o autor do texto?
  • Qual sua intenção ao produzir este texto? (finalidades);
  • A que tipo de leitor se destina?
  • Veículos de publicação?
  • A que gênero textual pertence?

Atividade de pesquisa:
  • Pesquisa utilizando internet;
  • Discussão dos temas propostos;
  • Percepção das relações de intertextualidade; percepção das relações de interdiscursividade;
  • Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações estéticas ou afetivas, e relativas a valores éticos e/ou políticos;

Grupos de debates (5 alunos):
  • Linguagem escrita (análise dos elementos da narrativa);
  • Linguagem visual, sonora do filme;
  • Linguagem verbal e não verbal.


PROFESSORA MARIA DE FÁTIMA PATROCÍNIO

PROJETO DE LEITURA ESCRITA PARA NONO ANO

Situação de Aprendizagem: Texto: Pausa, de Moacyr Scliar.

Público Alvo: nono ano
O texto será dividido em três partes. Cada parte será lida num determinado momento da aula, de acordo com a orientação do professor.

Primeiramente será trabalhado o significado da palavra que intitula a crônica. Serão feitos os seguintes questionamentos: “O que é uma pausa?” “O que ela pode significar?”
Em seguida, será proposta a leitura da primeira parte do texto. O professor fará a leitura do trecho em voz alta e os alunos deverão acompanhar.
1ª parte:
As sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
- Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
- Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
- Por que não vens almoçar?
- Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga Samuel pegou o chapéu:
- Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Após a leitura, serão levantadas algumas perguntas, tais como:
-          Que tipo de trabalho exige sua presença no escritório aos domingos?
-          As sequências das ações descritas no primeiro parágrafo demonstram ser um hábito. Será que era uma rotina diária ou somente aos domingos?
-          Quais as características psicológicas da mulher?
-          Será que realmente está indo trabalhar todos os domingos?
-          Há sinceridade em suas atitudes?
Os alunos poderão responder às questões oralmente.
Depois desta breve discussão sobre alguns aspectos da primeira parte do texto, será feita a leitura da segunda parte do texto.
2ª parte:
 Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul – Atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! – uma gritou,  e riu: um cacarejo curto.
Após a leitura serão levantadas algumas questões referentes a esta parte do texto:
-          Que impressões vocês tiveram do personagem ao ler a segunda parte?
-          Qual o nome do personagem principal? Por que você acha isso? Por que ele está usando dois nomes?
-          De acordo com os dois últimos parágrafos, comente quais seriam as possíveis ações do personagem
-          Escreva a continuação da história a partir da segunda parte.
Em seguida, os alunos deverão socializar suas respostas.

Depois da socialização, será apresentada a terceira e última parte do texto.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
 - Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
Após a leitura da terceira parte, será solicitado que os alunos verifiquem se algum colega produziu um texto que se aproximasse do final proposto pelo autor do texto.
 Será feita uma leitura do texto na íntegra. Nesse momento será pedido aos alunos que estabeleçam uma relação entre  título e o texto.
 Feita a atividade de leitura e interpretação, será estudado o gênero textual “Crônica”. Para isso serão discutidos também valores éticos, como: traição, mentira, falsa identidade, convivência, vulnerabilidade. Os alunos serão ainda orientados a relacionar como seria vista a situação proposta no texto nos tempos antigos e nos dias de hoje.
Para finalizar, a sala será dividida em dois grupos. Cada grupo deverá realizar uma das seguintes propostas de atividade:
1º proposta: Façam uma encenação do texto original.
2ª proposta: Façam uma encenação sobre como seria vivida essa situação pelo personagem nos tempos atuais.
Professora Maria de Fátima Patrocínio

PROJETO LEITURA – MEU PRIMEIRO BEIJO (ANTONIO BARRETO)

A minha proposta é subsidiar aos meus colegas, professores de Língua Portuguesa

TEMA: “BEIJO”.

O objetivo do projeto é oferecer aos alunos diversos tipos de leitura, através de diversos gêneros textuais, focando o tema “beijo” e também o “amor”.

Público alvo: 7ºs anos.

O que o aluno poderá aprender com o projeto:

Basicamente, desenvolver habilidades de leitura: refletir, localizar informações, inferir, se expressar.

Duração: Quatro aulas.

Conhecimentos prévios trabalhados com o aluno:

O aluno deve possuir habilidades básicas de leitura e ter noção dos elementos e estrutura de textos narrativos.

Estratégias e recursos das aulas:

Primeira etapa:

Apreciação da música “Já sei namorar” pelos alunos. Todos recebem uma cópia da letra da canção para acompanhar.


Já Sei Namorar - Tribalistas

Já sei namorar
Já sei beijar de língua
Agora só me resta sonhar Já sei onde ir Já sei onde ficar Agora só me falta sair
Eu não sou audiência para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também
Já sei chutar a bola
Agora só me falta ganhar
Não tenho juízo
Se você quer a vida em jogo
Eu quero é ser feliz
Eu não sou audiência para a solidão
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo me quer bem
Eu sou de ninguém
Eu sou de todo mundo
E todo mundo é meu também
Como ninguém
Tô te querendo
Como Deus quiser
Tô te querendo
Como eu te quero
Tô te querendo
Como se quer
(2x)


Segunda etapa:

Os alunos visualizam e analisam algumas imagens que remetem ao amor e a uma de suas manifestações mais simples e remota – o beijo. Apresentação em “Power Point”.













Terceira etapa:

O professor incita os alunos a refletir e relacionar a letra da música com as imagens. Ao mesmo tempo, levantam hipóteses sobre o assunto do texto a ser lido a seguir. O procedimento será realizado oralmente e o professor fará anotações na lousa sobre as hipóteses levantadas.

Quarta etapa:

Leitura da crônica “Meu primeiro beijo”, de Antonio Barreto: leitura individual (silenciosa). Em um segundo momento, o professor faz a leitura em voz alta com a classe. Cada aluno recebe uma cópia do texto narrativo.

Meu Primeiro Beijo, de Antonio Barreto.

É difícil acreditar, mas meu primeiro beijo foi num ônibus, na volta da escola. E sabem com quem? Com a Cultura Inútil! Pode? Até que foi legal. Nem eu nem ele sabíamos exatamente o que era "o beijo". Só de filme. Estávamos virgens nesse assunto, e morrendo de medo. Mas aprendemos. E foi assim...
Não sei se numa aula de Biologia ou de Química, o Culta tinha me mandado um dos seus milhares de bilhetinhos:
"Você é a glicose do meu metabolismo.
Te amo muito!
Paracelso"
E assinou com uma letrinha miúda: Paracelso. Paracelso era outro apelido dele. Assinou com letrinha tão minúscula que quase tive dó, tive pena, instinto maternal, coisas de mulher... E também não sei por que: resolvi dar uma chance pra ele, mesmo sem saber que tipo de lance ia rolar.
No dia seguinte, depois do inglês, pediu pra me acompanhar até em casa. No ônibus, veio com o seguinte papo:
- Um beijo pode deixar a gente exausta, sabia? - Fiz cara de desentendida.
Mas ele continuou:
- Dependendo do beijo, a gente põe em ação 29 músculos, consome cerca de 12 calorias e acelera o coração de 70 para 150 batidas por minuto. - Aí ele tomou coragem e pegou na minha mão. Mas continuou salivando seus perdigotos:
- A gente também gasta, na saliva, nada menos que 9 mg de água; 0,7 mg de albumina; 0,18 g de substâncias orgânica; 0,711 mg de matérias graxas; 0,45 mg de sais e pelo menos 250 bactérias...
Aí o bactéria falante aproximou o rosto do meu e, tremendo, tirou seus óculos, tirou os meus, e ficamos nos olhando, de pertinho. O bastante para que eu descobrisse que, sem os óculos, seus olhos eram bonitos e expressivos, azuis e brilhantes. E achei gostoso aquele calorzinho que envolvia o corpo da gente. Ele beijou a pontinha do meu nariz, fechei os olhos e senti sua respiração ofegante. Seus lábios tocaram os meus. Primeiro de leve, depois com mais força, e então nos abraçamos de bocas coladas, por alguns segundos.
E de repente o ônibus já havia chegado no ponto final e já tínhamos transposto , juntos, o abismo do primeiro beijo.
Desci, cheguei em casa, nos beijamos de novo no portão do prédio, e aí ficamos apaixonados por vária semanas. Até que o mundo rolou, as luas vieram e voltaram, o tempo se esqueceu do tempo, as contas de telefone aumentaram, depois diminuíram...e foi ficando nisso. Normal. Que nem meu primeiro beijo. Mas foi inesquecível!
BARRETO, Antonio. Meu primeiro beijo. Balada do primeiro amor. São Paulo: FTD, 1977. p. 134-6.

Quinta etapa:

Confirmação ou refutação das hipóteses levantadas, e outras discussões através das perguntas:

a) Vocês já conheciam esse texto?

b) O que acharam dele?

c) Qual o tema tratado no texto?

d) Sua hipótese sobre o assunto tratado no texto confirmou-se ou não?

e) A seu ver, qual o público alvo desse texto? Explique.

Sexta etapa:

Perguntas direcionadas (localização de informações) – oralmente:

a) Análise dos elementos da narrativa: narrador, personagens, tempo, espaço e enredo.

b) Quais são os apelidos que o personagem principal tem?

c) De acordo com o texto, quais reações físicas que o beijo provoca?

d) Descreva como foi o processo que culminou no beijo.

f) Que outro desfecho você daria a essa história?

g)Em que outras situações o beijo pode ser usado?

Sétima etapa:

O professor pede que algum aluno (ou quantos quiserem) relate(m) sobre seu PRIMEIRO BEIJO; e, os que ainda não beijaram que relatem suas expectativas sobre esse momento especial.

PROFESSORA MARIA ELIDE MENUZZO

PROJETO DE LEITURA E ESCRITA : O AVESTRUZ

Quero apresentar a atividade desenvolvida no Curso Presencial do MGME como subsídio.

Grupo: 05   Pedro, Noemi , Valquiria e Lidia

Curso: MGME

Local: Sud Menucci – Piracicaba

Data: 09/05/13

Público-alvo: EF – Ciclo II - 6º anoTexto:  Avestruz , Mário Prata

Primeira Atividade  – Análise Textual

Antes da Leitura
Na Aula Anterior você irá propor  uma pesquisa sobre o autor Mario Prata;
No dia seguinte:
a)   Conversar sobre a pesquisa anterior
b)   Sondagem: a partir da pesquisa sobre o autor e o título do texto, questionar os alunos sobre suas hipóteses: Para quem é esse texto? Sobre o que ele fala? Qual é o espaço onde ocorre? Que tipo de texto é esse? Científico, Narrativo?

Utilizar o texto Avestruz de Mário Prata
O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.

Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé.
Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse:
Struthio camelus australis. Que é o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.

PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2

Durante a Leitura

Fazer uma Leitura compartilhada.
Depois o vocabulário: os próprios estudantes buscarão no dicionário os termos desconhecidos.
A seguir, com o auxílio da sala de informática, buscar informações complementares sobre:
a) A ave e seu habitat (natural ou não);
b) Os locais que aparecem no texto: São Paulo, Higienópolis e Florianópolis (Floripa).
c) Comparar o boi, mencionado no texto, com o avestruz;
d) Aproximar à realidade dos estudantes, as unidades de massa e altura do avestruz mencionadas no texto.
e) Comparar a altura do apartamento à da ave.
f)  Verificação das hipóteses – oralmente, verificando as anotações no quadro.

Depois da leitura

6) Como o narrador descreve a avestruz? Compare com o resultado de sua pesquisa. Em relação ao Homem e a outros animais, qual a sua proporção?

7) Qual é a opinião do narrador sobre essa ave? O que o levou a descrevê-la dessa forma? Qual é a sua intenção?
8) Ele convence o garoto a desistir do presente? Como você percebeu isso no texto?
9) Como é a linguagem do texto? É de difícil compreensão? Comente algum trecho.

A  seguir se fará a troca de cadernos, dando uma  devolutiva: correção e comentário (oral e/ou escrito). Poderá explorar outras linguagens...

Solicitar aos estudantes que apresentem uma imagem criada por eles, sobre o texto. Pode ser uma cena ou uma figura daquilo que mais lhes chamou a atenção. Depois de terminada essa atividade, o aluno deve fazer uma breve apresentação sobre a sua criação para o restante da sala. Pode ser feito um varal com as imagens.

Utilizar a Música: O pato – Vinicius de Moraes


Qüén! Qüen! Qüén! Qüen!
Qüén! Qüen! Qüén! Qüen!


Qüén! Qüen! Qüén! Qüen!
Qüén! Qüen! Qüén! Qüen!

Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o Pato
Para ver o que é que há...(2x)

O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo...

Comeu um pedaço
De genipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi prá panela...

Quá! Quá! Quá! Quá Quá!
Quá! Quá! Quá! Quá Quá!
Quá! Quá! Quá! Quá Quá!

Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o Pato
Para ver o que é que há...(2x)

O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo...

Comeu um pedaço
De genipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi prá panela...

Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi prá panela...

Oferecer a letra da música depois de ter retirado algumas palavras. Os alunos deverão preencher as lacunas do texto ouvindo a música: compreensão auditiva.
Discutindo a música: Como é o pato? Qual a sua relação com os outros animais? Será que todos os que são “desengonçados” merecem a panela?
Relacionar com o texto – Avestruz. Onde os textos se cruzam? São sobre aves? Desengonçadas? Despropositadas? Você já se sentiu assim? Conte sua experiência. Você já se relacionou com pessoas assim? Como foi? Como você se sentiu? É preciso mudar esse jeito ou podemos continuar assim?
Reconte essa história no gênero “História em Quadrinho”. Em dupla, folha sulfite e lembrando das características do gênero: não se esqueça de utilizar onomatopéias, interjeições, balões variados...
Trocar, entre as duplas, as HQs e fazer breves comentários sobre os textos (no verso das folhas, com assinatura).
Reescrita: a partir das sugestões dadas pelos colegas e professor, realizar as alterações necessárias no texto.

Professor Pedro Duracenko

PROJETO DE LEITURA PARA OS SEXTOS ANOS

Quero apresentar a atividade desenvolvida no encontro presencial para servir de ajuda a quem quiser trabalhar com o texto Avestruz de Mário Prata.
Público Alvo: 6ºs anos
TEXTO DE REFERÊNCIA   - Crônica  O avestruz  de Mário Prata

O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus dez anos, uma avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu as avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruzes. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. A avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar a avestruz, deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa uma avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase três metros. 2,7 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por deus. Colocou um pescoço que não tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que saíssem voando em bandos por aí assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em cada pé.
Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é que logo depois, Adão, dando os nomes a tudo que via pela frente, olhou para aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é
o nome oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo. Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que elas vivem até os setenta anos e se reproduzem plenamente até os quarenta, entrando depois na menopausa, não têm, portanto, TPM. Uma avestruz com TPM é perigosíssima!
Podem gerar de dez a trinta crias por ano, expliquei ao garoto, filho da minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve uma avestruz para ele de avião, no domingo. Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que elas comem o que encontram pela frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por exemplo. máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto num psicólogo. Afinal, tenho mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/ 6º ano vol. 2

Objetivos da situação de aprendizagem
- Mostrar aos alunos os valores éticos na relação homem-animal;
- Apresentar aos alunos definição e características do gênero crônica, além de desenvolver as habilidades de leitura e inferência de informações.
Duração: de quatro a seis aulas
Etapas do trabalho/ estratégias
1.      Levantamento (pesquisa) sobre o avestruz ( peso, altura, reprodução, hábitos). Poderá ser feita na sala de informática da escola; comparando com o homem, com outros animais.


2.      Socialização, checagem do material coletado na pesquisa; 
3.      Programar uma visita ao zoológico para que os alunos vejam de perto o animal;
  
4.      Leitura feita pelo professor;

5.      Leitura individual feita pelo aluno, com o levantamento do vocabulário e outras dúvidas que surgirem;
  
6.      Informações sobre o autor, finalidade de escrita dessa crônica (crítica ao isolamento da vida moderna , em apartamentos, falta de conhecimento das coisas da natureza, as diferenças entre o campo e a cidade, crítica à nova forma de criação da nova geração);
  
7.      Notícias de pessoas que criam animais exóticos ( pesquisa em jornais e revistas);

8.      Reconto da história, transpondo-a em história em quadrinhos.

Professora Fábia dos Santos Romero Pessotti

domingo, 9 de junho de 2013

Ler e escrever - uma difícil arte


"Ler e escrever são atos indissociáveis. Só mesmo quem tem o hábito da leitura é capaz de escrever sem muita dificuldade. A leitura eficiente de livros, revistas e jornais permitem-nos refletir sobre as ideias e formular nossa própria opinião. Sem opinião formada é impossível escrever qualquer texto."

Antonio Carlos Viana, Doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Nice França.

"De fato é dentro da e pela língua que o indivíduo e sociedade se determinam mutuamente. O homem sentiu sempre e os poetas frequentemente cantaram o poder fundador da linguagem, que instaura uma realidade imaginária, anima as coisas inertes, faz ver o que ainda não existe, traz de volta o que desapareceu.
A língua se forma e se configura no discurso, atualizado em frases. Aí começa a linguagem."

Émile Benveniste

"Aristóteles escreveu por volta de 320 a. C. uma das primeiras e mais importantes sistematizações da linguagem: A Arte Retórica, no qual os discursos verbais podem ser formados de várias maneiras: discursos poéticos, narrativos, argumentativos, descritivos indicativos, enumerativos. Percebemos que essas práticas são antigas e que hoje ainda temos dificuldades de pô-las em prática. Os discursos argumentativos são a modalidade onde se exerce com maior vigor a persuasão. Aprender como funciona esta modalidade é, em última instância, defender a própria cidadania, vistos os discursos, quer o lemos ou escrevemos, podem igualmente libertar ou oprimir, manipular ou revelar com é feita a manipulação."

Adilson Citelli professor e escritor

"Toda palavra serve de expressão de um em relação ao outro. Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise em relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor."

Mikhail Bakhtin

sábado, 8 de junho de 2013

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA

A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em que começamos a "compreender" o mundo à nossa volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos, de certa forma, lendo - embora, muitas vezes, não nos demos conta.

A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo Angela Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos linguísticos sem a compreensão semântica dos mesmos.

Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo, percebemos que a leitura é um processo interativo.

Quando citamos a necessidade do conhecimento prévio de mundo para a compreensão da leitura, podemos inferir o caráter subjetivo que essa atividade assume. Conforme afirma Leonardo Boff, cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura. [...] Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor.

A partir daí, podemos começar a refletir sobre o relacionamento leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas passivo. Quando atende a essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando para dentro dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus preconceitos etc. É por isso que consegue ser tocado pela leitura.

Assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele, em busca de seu sentido. Isso é o que afirma Roland Barthes, quando compara o leitor a uma aranha:

[...] o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento perpétuo; perdido neste tecido - nessa textura -, o sujeito se desfaz nele, qual uma aranha que se dissolve ela mesma nas secreções construtivas de sua teia.

Dessa forma, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela, além de adquirirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que ela nos leva à reflexão.

E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua percepção. Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.

Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial instrumento libertário para a sobrevivência do homem.

Há entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e válida: o desejo do leitor. Como afirma Daniel Pennac, "o verbo ler não suporta o imperativo". Quando transformada em obrigação, a leitura se resume a simples enfado. Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, Pennac prescreve alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.